Literatura de Cordel e Repente
Manifestação cultural do interior do Nordeste, o Cordel se caracteriza por ser uma narração de histórias em forma de poesia, com métrica fixa e rimas. Utiliza a linguagem oral, informal, valendo-se do humor, da ironia e do sarcasmo na narração de suas histórias que abordam assuntos diversos, tais como temas do folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históric
os, a realidade social, dentre outros.
Imagem: Figura de Linguagem
Sua forma mais habitual de apresentação são os “folhetos”, pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas, daí se originando seu nome.
Foi trazido para o Brasil pelos portugueses, em fins do século XVIII. Sua circulação na Europa data do século XII na França, Espanha e Itália, tendo se popularizado com o Renascimento.
Imagem: IFMG
São cordelistas famosos: Apolônio Alves dos Santos; Cego Aderaldo; Cuica de Santo Amaro; Guaipuan Vieira; Firmino Teixeira do Amaral; João Ferreira de Lima; João Martins de Athayde; Manoel Monteiro; Leandro Gomes de Barros; José Alves Sobrinho; Homero do Rego Barros; Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva); Téo Azevedo; Gonçalo Ferreira da Silva; João de Cristo Rei O Cordel é reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro, sendo que a Academia de Literatura de Literatura de Cordel tem sede no Rio de Janeiro. Recentemente, a médica pernambucana Paola Tôrres assumiu a cadeira pertencente a Moraes Moreirra, falecido em abril deste ano.
No site da Academia podem ser encontrados vários cordéis: http://www.ablc.com.br/o-cordel/cordeis-digitalizados/
Dalinha Catunda
No momento, há uma grande discussão sobre a discriminação das mulheres no âmbito do Cordel. No dizer de Daniela Bento, do Coletivo Poetas de Resistência, de Poço Redondo (SE), “enquanto o machismo prevalecer no meio cordelístico e negar a importância dos feminismos, nenhum verso poderá falar de igualdade”.
Assim, trazemos aqui uma mulher cordelista, a cearense Dalinha Catunda que escreve poesia desde que “se entende por gente”, graças à influência da mãe poetisa e de tia Isa, professora e contadora de histórias. Mas foi a saudade de casa, trazida pela mudança para o Rio de Janeiro, que despertou seu interesse pelo cordel. “A saudade era grande e eu queria reviver tudo que eu havia vivido no interior do Ceará em minha pequena Ipueiras. Assim fui criando e revivendo minhas histórias em versos.” lembra a poetisa, que já escreveu mais de uma centena de cordéis e, hoje, não só é membro da Academia dos Cordelistas do Crato (ACC), como também da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).
Dalinha é idealizadora do blog Cordel de Saia, voltado à difusão do trabalho de mulheres cordelistas. Exímia pelejadora, é nesse espaço virtual que Catunda expõe seus cordéis em dupla, no estilo de batalha em diálogos, e rodas de glosa, um tipo de cordel criado em conjunto com outras poetas do gênero, como Bastinha Job, Paola Torres e Creusa Meira.
Outra manifestação cultural, o Repente é uma poesia falada e improvisada, que muitas vezes se faz acompanhar de instrumentos musicais. É uma espécie de desafio em que dois cantadores se alternam nas respostas às provocações poético-musicais um do outro.
Imagem: Repente Nordestino
A organização dos versos no repente pode assumir formas variadas: na sextilha, o primeiro verso rima com o terceiro e o quinto, enquanto o segundo rima com o quarto e o sexto; já na septilha, o primeiro e o terceiro versos são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e, por sua vez, o quinto verso rima com o sexto. Há ainda as variações conhecidas como martelo, martelo alagoano, o galope beira-mar, etc. Conforme o acompanhamento utilizado, temos a embolada, em que se utiliza pandeiro ou ganzá, o aboio, que é realizado com a voz apenas e a cantoria de viola.
A preservação da tradição do Repente encontrou fortes aliados no Festival de Poetas Repentistas e no Congresso de Cantadores, eventos que têm dado oportunidade dos poetas repentistas demonstrarem sua enorme capacidade de improvisar versos, além de lhes proporcionar renda por meio dos cachês pagos pelas participações.
Bule-Bule
Imagem: Bule-Bule
Antônio Ribeiro da Conceição, repentista, cordelista, sambador, tiraneiro, forrozeiro, brincante, Mestre Bule-Bule, conhecido como mestre da cultura popular da Bahia, do Nordeste, do Brasil. Nascido em 22 de outubro de 1947, em Antônio Cardoso, Estado da Bahia, cidade da região sertaneja, integrante do território Portal do Sertão, onde as influências culturais do sertão e do recôncavo baiano se misturam, ampliando as articulações entre as manifestações culturais populares.
Além de discos, DVDs e livros, Mestre Bule-Bule levou a cultura popular nordestina a outros países, realizando inúmeros shows por todo o Brasil e em outros países, a exemplo de Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Portugal, tendo sua atuação em prol da cultura brasileira sido reconhecida pelo Ministério da Cultura, em 2008, quando foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural – OMC.
Além de discos, DVDs e livros, Mestre Bule-Bule levou a cultura popular nordestina a outros países, realizando inúmeros shows por todo o Brasil e em outros países, a exemplo de Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Portugal, tendo sua atuação em prol da cultura brasileira sido reconhecida pelo Ministério da Cultura, em 2008, quando foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural – OMC.
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