Parece óbvia esta afirmação, mas se observarmos bem veremos que é imensa a quantidade de desafios em torno da normalização do processo do envelhecimento. Muitas vezes passa até a impressão de que envelhecer deve ser motivo de vergonha.
Qualquer ser vivo passa pelo processo de amadurecimento, desde uma folha até nós humanos que somos mais complexos, todos envelhecemos e aceitar isto já é um primeiro passo para normalizar o amadurecer.
Biologicamente o desgaste do corpo é inevitável, à partir de determinada idade as células reduzem a sua capacidade de renovação e tendem à finitude. O que define o ritmo deste processo é o estilo de vida. Já há estudos suficientes para comprovar que a depender da alimentação e outros aspectos do autocuidado, a pessoa envelhece mais ou menos rapidamente. Fumar, entre outros terríveis hábitos, por exemplo acelera muito o envelhecimento.
Do ponto de vista social no entanto são várias as questões relacionadas à este processo e aqui se encontram os maiores desafios em torno deste que é nosso assunto hoje: a aceitação do envelhecer como um processo natural.
Produtividade; beleza; disposição física; capacidade de aprender; socialização. Tudo isso é automaticamente ligado à juventude. O termo "na flor da idade" demonstra o quanto esta fase da vida é super valorizada. Estar na flor da idade é estar no auge da vida de acordo com nossa cultura. Será?
Este é um estigma criado sobretudo após a revolução industrial, o que aliás determinou uma série de hábitos que mantemos hoje, alguns negativos e outros positivos. Fast food, correria, competitividade... inovação, tecnologia. Tudo isso diz que o valor está no que é novo e rápido, afirmando então que o velho deve ser deixado para trás.
A nossa cultura desvaloriza o que vai ficando velho. Entre vários outros hábitos, troca-se de carro ou de celular com muita frequência uma vez que os modelos fiquem obsoletos.
Diante desta realidade surgem os preconceitos, os estereótipos e a consequente "vergonha" por ser mais velho, gerando uma negação e uma necessidade de disfarçar a velhice. Muitas sãos as pessoas idosas que se negam a dizer que são idosas. Tantas outras fazem de tudo para parecerem que não o são, com procedimentos cirúrgicos e outros tantos. Acreditamos que não há problema algum em se submeter a procedimentos (desde que seguros), o grande problema é fazê-los porque a autoestima está abalada.
Sabemos que há dificuldades reais enfrentadas, mas podemos recuperar a autoestima e abraçar a ideia de que envelhecer faz parte da nossa jornada humana e se olharmos para o passado, quando a expectativa de vida era bem menor, veremos que envelhecer, por si só, é uma conquista! Podemos passar por isso com foco nas queixas, olhando para as desvantagens de envelhecer. Ou podemos vivenciar esta fase de uma forma mais leve, aceitando o curso natural da vida, percebendo os desafios e limites, mas sobretudo, identificando os benefícios de estarmos envelhecendo, com novas possibilidades de conexão com as experiências e os prazeres que esta fase da vida nos oferece. Segundo a ONU, o envelhecimento é “a maior conquista da humanidade no último século”, por isso há que se celebrar!
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